segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Air France 455 - Primeiro diálogo em língua francesa


Continuando as aventuras internéticas comentadas no post anterior, acabei usando o tal do cartão de internet pré-paga. Contarei como foi na ordem dos acontecimentos.

Após o check-in na looonga e demorada fila, vem a notícia que apavora um pouco. Tenho apenas uma hora e vinte minutos para almoçar e ir para a sala de embarque. Na verdade, o meu embarque era às 15h30, mas foi dito que eu deveria estar até as 15h na sala de embarque. Pânico momentâneo.

O que iria almoçar? Eu planejava comer uma pizza brotinho na Pizza Hut, mas não dava tempo para esperar eles assarem uma pizza para mim. Tempo dava, mas ansiosa do jeito que só eu sou, achei melhor optar por um Quarteirão do McDonald’s. Morno, mas me esperando para ser devorado.

Almocei. Foi complicado encontrar uma mesa vaga, todas estavam cheias e os clientes dividiam as suas com estranhos. Mas tive sorte e olho de lince e encontrei uma mesinha atrás do pilar me esperando. Coloquei meu carrinho de bagagem (com a mochila e a maleta) na minha frente, apoiei os dois pés nele e devorei rápida e calmamente o meu hambúrguer.

Sala de embarque. Não pode entrar com carrinho de bagagens. Como disse o senhor atrás de mim, é a hora da dureza. Poxa, uma mochila e uma maleta superpesadas e mais a minha jaqueta fazem peso! Lá fui eu. Passa raio-x. Passa detector de metais. Não precisei tirar as botas, mas tive que tirar os R$6,00 em moedas do troco do café que eu havia tomado em Porto Alegre. Aquela menina do café conseguiu me dar seis reais em moedas de cinqüenta e dez centavos! Eu estava com mais metais nos bolsos do que o meu computador na estrutura! Enfim, passei por tudo.

Próximo passo, a destemida Policia Federal Brasileira. Mostra passaporte. Dá um sorrisinho para mostrar que é tu mesma na fotografia. Digita aqui, digita ali. Feito o carreto, vamos para o próximo obstáculo.

Duty Free. Aaah, se eu fosse dona da Microsoft! Teria levado tudo! Maquiagem, bolsas, chocolates, aparelhos eletrônicos e especiarias. Coisa ótima! Ótima nada! Não sou dona da Microsoft, então me contento em apenas observar e cuidar para não derrubar nada. Algo me chamou a atenção, uma câmera fotográfica de ótima qualidade e de ótimo preço também. Liga para a mãe, liga para o pai. Compramos a máquina!

Agora é esperar. Na sala de embarque mesmo, não há sinal sem fio da Telefônica_Vip_Tam. Mas era necessário entrar na internet. Usamos o cartão. Falei com o Felipe e com a Carol da Mobilidade da PUCRS. Deu para conversar bastante. Falei dos meus feitos e me animei mais. Por favor senhores passageiros do vôo Ai France 455, o embarque iniciará neste instante. Embarcamos.

Ao meu lado sentou-se um casal simpático que vai fazer um tour pela Europa. A filha deles, de 22 anos, ficou no Brasil, mas quer fazer o passeio com uma amiga. A tripulação fala em francês, mas há quem se comunique em português também. O que não foi necessário, pois tive o meu primeiro diálogo em francês com franceses e me dei bem. Foi mais ou menos assim:

- Posso usar o computador no avião? (transcorrida quase uma hora de viagem)
- I’m sorry!? (respondeu o comissário de bigode)
- L’ordinataire portable.
- Ah, oui! L’utilisation?
- Oui! C’est possible?
- Oui, oui!
- Merci!
Viram que bonito? Falei e entendi tudinho. Falando lentamente até que eu posso virar intérprete.

Bom, seguindo o baile, cada poltrona tem uma mini-televisão. Na primeira classe eu vi que eram bem maiores, mas a que eu tinha já era o suficiente. Nos canais podia-se assistir repetidamente Indiana Jones 4 em inglês, dublado em português ou em inglês com legendas em mandarim; um canal de seriados onde passava os mesmos capítulos de Simpsons, Friends e outro lá que não lembro o nome, mas que me recordo de uma cena em que tem alguém com um braço recém arrancado, tipo CSI; outro passava Lilo e Stich; outro desenhos infantis, entre os quais se encontrava Tom e Jerry (único que vi); e outros canais sobre cultura, que só passei reto. Também era possível ver a rota do avião, a localização dele, tempo para chegar em Paris, temperatura do lado de fora do avião, etc etc. Tinha até joguinhos! Algo parecido com BomberMan e Paciência foram os que joguei, o resto passei adiante. Muito bacana mesmo! Peguei no sono vendo uma cena em que pode-se perceber de longe o detalhe do dedo do Chandler. (Na verdade foi numa cena muito boa que eu não vou contar senão compro briga com alguém.... né amor?)

A janta foi boa. A primeira comida de avião que tinha gosto de comida de verdade. Escolhi o canelone de presunto com molho de tomate, que acompanhava salada e um pudim de sobremesa muito bom por sinal.

Janta termina, tomo meu fiel Dramin e boa noite, crianças. Uma noite de sono muito estranha, porque, em primeiro lugar, eu fui dormir não devia ser mais de 8h da noite. Segundo, porque eu acordava toda dolorida por causa da poltrona gigante e superconfortável onde eu estava. Mas tudo bem. As únicas vezes que eu gostava de acordar era quando tinha turbulência, pois parecia que eu estava em um carro que treme quando pega um buraquinho na rua, e assim eu fazia de conta que não estava atravessando Pernambuco ou o Oceano Atlântico.

Acorda, toma café, e desce. Termina um vôo de dez horas e meia de terror e começa as próximas horas de pavor no aeroporto. Não perca o próximo capítulo de “Será que Joana foi deportada?”.

Vida de intercambista na Europa não tem luxo, mas tem glamour.

Um comentário:

Anônimo disse...

ACHO BOM, não ter falado da cena mesmo!!!!

E eu estou na 4 temporada e AINDA não vi o dedo do chandler!!!!